Exposição de Média-Arte Digital | Circuitos | Estudantes do DMAD

No âmbito da unidade curricular de Curadoria e Intervenção Artística Digital (CIAD), os artistas-investigadores desenvolveram uma proposta de projeto de curadoria colaborativa para a exposição “Circuitos: Exposição de Média-Arte Digital”. A exposição decorre de 16 a 19 de julho de 2024, no espaço da Universidade Aberta, situado na Rua Almirante Barroso, em Lisboa.

A exposição “Circuitos”  pretende promover debates plurais, interconectar os múltiplos artefactos – elementos energizantes do conceito – concomitantemente, com a criação de convergências com o local da exposição, participantes e visitantes.

TÍTULO

O nome/título da exposição – “Circuitos” – associado ao conceito subjacente, revela-se como narrador intradiegético, i.e., surge como uma personagem nas histórias que narra ou que são narradas por outros: ganha voz ou encontra a sua voz através dos artistas-investigadores, dos artefactos, do público, do espaço, da localização geográfica e do decorrer das várias fases do projeto de curadoria colaborativa da exposição. Ao mesmo tempo, etimologicamente, circuitos (substantivo masculino) pode ser lido como: limite exterior de uma superfície ou de um espaço, contorno, perímetro; como um percurso feito à volta de algo; como uma viagem organizada (e.g. visita à exposição); série de condutores elétricos que podem ser percorridos por uma corrente elétrica. “Circuitos” – nome e conceito – contém uma multiplicidade de formatos, materiais, dispositivos e reflexões, que de forma simbólica ou literal, aguardam ser desencadeados pelos visitantes e outras singularidades. Como qualquer circuito elétrico, a exposição “Circuitos” dispõe de elementos variados, com funções diversas, que de forma metafórica, se espelham nas criações dos artistas-investigadores e no diálogo estabelecido com os vários elementos intervenientes de uma exposição. Esta soma de conexões advém da associação da figura de um interruptor, um agente desencadeante do processo da passagem de corrente elétrica para as diferentes sinergias e comunicações que fluem através da média-arte digital.

FOLHA INTERATIVA DE SALA

CONCEITO

A exposição “Circuitos: Exposição de Média-Arte Digital” revela o caminho percorrido, até ao momento, de uma primeira grande etapa no Doutoramento em Média-Arte Digital da UAb/UAlg. Num só espaço, e num formato colaborativo, serão apresentados os artefactos de 13 artistas-investigadores que, pelo seu cariz multidisciplinar e transdisciplinar, enriquecem o projeto de curadoria colaborativa da exposição de média-arte digital. Aportam vários meios e modalidades, abordam temas plurais e refletem sobre a sociedade no geral, através dos seus olhares únicos. Exploram o caráter experiencial e experimental da média-arte digital e de como este traz à arte um conjunto de dualidades — digital e analógico, material e imaterial, presente e passado, determinismo e imprevisibilidade — que permitem o desenvolvimento de relações estéticas e participativas com o público, tanto em contextos que recorrem à interação, como nos contextos de caráter mais contemplativo.
A exposição está pensada enquanto metáfora de um circuito elétrico aberto que permanece adormecido até que exista uma interação do visitante com as obras. A materialização plena da experiência estética ocorre apenas quando o público fecha o circuito, ativando os artefactos.
Partindo destes pressupostos, “Circuitos” faz a conexão entre as diferentes caraterísticas destas obras, permitindo-lhes desenvolver relações e interações entre si, com o espaço expositivo e com os visitantes, potenciando desta forma vários níveis de leitura, interpretação, perceção e fruição das mesmas.
Circuitos” apresenta uma abordagem contemporânea, com linguagens híbridas, incorporando práticas e intervenções colaborativas, em rede, amplificadas através da interação do público e, desta forma, potenciando a criação de novas sinergias: novos circuitos de comunicação. O enquadramento temático que tradicionalmente caracteriza um projeto curatorial é suprimido. Este dá lugar à diversidade de perspetivas, interpretações e abordagens que os artistas- investigadores apresentam individualmente e integram no conjunto dos artefactos.
Desta forma, as várias possibilidades de percursos ou circuitos que integram esta exposição representam, simultaneamente, uma plataforma de expressão de visões criativas únicas e um lugar que promove a ligação entre os visitantes e os diferentes usos e potencialidades da média-arte digital, desde a realidade aumentada, passando pela videoarte até a instalações interativas. “Circuitos” não é somente um conceito, mas uma experiência que materializa o espírito da exposição, celebra a colaboração, a diversidade, o diálogo interdisciplinar e a relação simbiótica entre a arte e o mundo académico, bem como todas as possibilidades que daqui advêm.

RELAÇÃO COM O ESPAÇO E NARRATIVA

Circuitos: Exposição de Média-Arte Digital”apresenta treze projetos desenvolvidos no âmbito do doutoramento em Média-Arte Digital, programa desenvolvido pela UAlg e a UAb. A exposição estará patente nas instalações da UAb, na Rua Almirante Barroso, em Lisboa. A UAb é amplamente reconhecida pela sua vocação de ensino a distância e contributo para a constituição de saber coletivo, mediado pela tecnologia, na qual os estudantes desempenham um papel central. De modo análogo, esta exposição reforça a importância da mediação tecnológica como veículo para promover a participação ativa do público e estimular processos reflexivos, cujo contributo é fundamental para uma construção coletiva de conhecimento.

O espaço expositivo funciona como matéria condutora que guia o público pelo percurso, à semelhança do que acontece com a corrente que flui nos circuitos elétricos. Os visitantes não são meros observadores, ao navegarem pelo espaço participam ativamente e contribuem para a construção da narrativa da exposição, que se materializa nesta ligação, mediada pela tecnologia, entre artista e espetador, criação e fruição. Como uma resistência num circuito, cada obra detém o visitante, incentivando de formas distintas e diversas a sua interação. O objetivo é estimular um envolvimento mais profundo com as temáticas apresentadas em cada artefacto, influenciando e modulando a experiência estética.
Na distribuição das obras pelo espaço, houve uma opção consciente e deliberada de não criar núcleos temáticos, de forma a tornar o percurso fluído e heterogéneo. A configuração do espaço focou-se no tipo de interação de cada artefacto, incidindo em duas vertentes: ação direta e evolução no tempo. Em cada espaço procurou-se um equilíbrio entre artefactos cuja apreciação plena depende da interação do público e artefactos que se alteram no tempo e que requerem uma contemplação mais prolongada, funcionando como resistências de diferentes potências que controlam a passagem dos visitantes como um fluxo de corrente.
O percurso inicia-se com a obra “#NobodyQueres/Quiasmos” que incute um lado voyeurista e contemplativo aos visitantes. Na sala seguinte encontram-se três obras: “Kággaba: Masks, Media and People in Community Life – Creating the World of Kággaba”, uma vídeo-instalação que convida à reflexão; “Mãe Soberana – Património (In)Visível”, uma instalação imersiva que promove um contacto intimista com objetos físicos e imagens digitais; e “Anamnese, in Nexum”, artefacto que faz uso da realidade aumentada, em que a observação passiva do público se transforma num diálogo ativo com a obra. No interior do anfiteatro encontram-se quatro trabalhos: “Pedras que Gritam”, uma instalação de videoarte que convida o público a integrar o artefacto; “Cruel Video”, instalação que só se materializa com a presença humana, promovendo uma atitude reflexiva; “Dão água aos mortos que já não têm sede”, uma vídeo-performance distópica que procura desafiar a perceção do público; e “The Weight of Performance (tWoP)”, que é uma campanha-manifesto materializada numa instalação que interage com espetadores através de estímulos visuais, sonoros e físicos. Na transição entre ambientes, encontra-se “Venice in Duality. Exploring Parallel Perspectives in Urban Representation“, uma instalação imersiva que propõe uma caminhada através de espaços, perceções e significados. No corredor encontram-se três obras: “Bacamarte Joia”, apresenta objetos físicos numa vitrine que conjugados com um elemento de videoarte, criam uma instalação esteticamente apelativa; “Continente”, uma vídeo-instalação interativa que tem no espectador a figura central; “spectral spaces”, dispositivo que convida o espectador a uma experiência individual suscitada pela curiosidade. No fundo do corredor, encontra-se o artefacto “3CPIIPC3”, cuja visualidade se altera em função da interação do espetador.

ARTISTAS E OBRAS

ARTISTA              +      –          ARTEFACTO

ANA RAQUEL GOUVEIA _____+____________ ANAMNESE, IN NEXUM

ANDREIA PINTASSILGO _____+___________ MÃE SOBERANA – PATRIMÓNIO (IN)VISÍVEL

ARIELLA DOBOSZEWSKI ___+_____________ BACAMARTE JOIA

CHIARA MASIERO SGRINZATTO ___+_______ VENICE IN DUALITY

CLÁUDIA NUNES ___+___________________ CONTINENTE

JAROSLAVA ŠNAJBERKOVÁ _____+_________ KÁGGABA

JOÃO SERRÃO ________+________________ CRUEL VÍDEO

NELSON CALDEIRA________+_____________ 3CPIIPC3

NINA VIGON MANSO ________+___________ #NOBODYQUERES/QUIASMOS

MARTA AMORIM ________+_______________ SPECTRAL SPACES

PATRICK DOS SANTOS ____+_____________ THE WEIGHT OF PERFORMANCE(TWOP)

PEDRO HENRIQUES ________+____________ PEDRAS QUE GRITAM

RUBEN FERREIRA _____+________________ DÃO ÁGUA AOS MORTOS QUE JÁ NÃO TÊM SEDE

A exposição CIRCUITOS tem uma versão imersiva, em 360º, e pode ser visitada clicando aqui.