Ruben Ferreira

DÃO ÁGUA AOS MORTOS QUE JÁ NÃO TÊM SEDE

CONCEITO

“Dão água aos mortos que já não têm sede” é uma vídeo-instalação que incorpora a vídeo-performance que se destaca pela sua abordagem multissensorial e pela sua profundidade temática, a crise climática. Utilizando a combinação entre a vídeo-performance, numa estética aproximada da videoarte, com elementos naturais e fabricados, a instalação provoca uma reflexão sobre o impacto das ações humanas no meio ambiente. O contraste entre cores sóbrias e a luminosidade da instalação cria uma atmosfera que capta a atenção e estimula a curiosidade do espetador.

Os sete ecrãs exibem a progressão das alterações climáticas e transforma o corpo humano em paisagens exuberantes que, posteriormente, se tornam desoladas. Esta transformação visual é intensificada por uma paisagem sonora que inclui sons de vento, suspiros e gemidos humanos, elevando a carga emocional da experiência. A instalação também oferece uma experiência tátil, permitindo que os visitantes toquem nas texturas incorporadas, adicionando uma dimensão física à experiência visual e sonora. Através deste conjunto de expressões artísticas, “Dão água aos mortos que já não têm sede” busca despertar uma consciência crítica sobre as consequências das ações humanas no meio ambiente e estimular uma reflexão sobre a urgência de ações sustentáveis e responsáveis através de uma abordagem artivista.

Conceitos-chave: Vídeo-performance; videoarte; alterações climáticas; artivismo; tapeçaria

OBJETIVO DE INTERVENÇÃO/COMUNICAÇÃO

A obra convida publico a circular ao seu redor e explorar diferentes perspetivas visuais, criando uma conexão dinâmica entre a obra e o espetador. Além da experiência visual e auditiva, a instalação incorpora texturas físicas que os visitantes podem tocar, adicionando assim uma outra camada à experiencia. O artefacto visa despertar a consciência sobre a urgência das alterações climáticas e a necessidade de ações imediatas para preservar os nossos recursos naturais. Ao confrontar o público com a degradação ambiental e suas consequências, a obra provoca uma reflexão profunda sobre a responsabilidade coletiva na mitigação dos impactos ambientais. Ao utilizar elementos visuais e sonoros carregados de significados, a obra desafia o público a confrontar-se com as consequências das suas próprias ações, bem como as ações dos grandes grupos económicos e de produção.

Screenshot

TECNOLOGIAS E TÉCNICAS UTILIZADAS

Vídeo-performance: a performance foi gravada com uma câmara estática. A partir de um storyboard previamente existente, o performer foi realizando cenas improvisadas.
Videoarte: em pós-produção, foram utilizados o Adobe Photoshop para a criação do layout que corresponde ao formato do tapete, o iMovie para o corte das cenas e o CapCut, para acentuar a aproximação a uma estética alusiva à videoarte, criando os cenários visuais (narrativa). Os vídeos ilustrativos que não se inserem na prática performativa, foram retirados do banco de imagens gratuito Pexels.
Instalação: a componente física do artefacto que sustenta o dispositivo digital apresenta uma forma simplista, aproximando-se em muitos aspetos do conceito de vídeo-instalação. O destaque dá-se ao tapete criado a partir de uma tela de rede onde fios de palha foram cosidos. Também, beneficiando da temática abordada, foram utilizados sacos de plástico transparentes e também cosidos na tela para criar efeitos luminosos que saem diretamente do dispositivo digital.

REFERÊNCIAS E INFLUÊNCIAS ESTÉTICAS

Este artefacto traz uma série de referências e influências estéticas, refletindo uma abordagem contemporânea tanto em termos visuais como conceptuais. Incorpora elementos da videoarte e da vídeo-performance, duas formas de arte que frequentemente exploram a condição humana e questões sociais por meio de imagens em movimento. A obra foca as alterações climáticas e a interação do ser humano e o meio ambiente, que sugere sob a influência da ecosofia, termo proposto por Guattari (ecologia ambiental, mental e social). O público pode tocar e mover-se ao redor da obra, observando-a de diferentes ângulos. Esta influência parte da obra interativa “Lebensraum / Living Space”, de Sven Windszus. Também, a integração da música “Cantiga do Fogo e da Guerra”, de José Mário Branco, sugere uma influência literária e poética. A obra pode ser influenciada pela maneira como a poesia consegue condensar emoções e reflexões profundas em palavras, ampliando o impacto emocional.

Diário Digital de Bordo:
https://rmffruben.wixsite.com/diariodebordo

Ruben Ferreira

Ruben Ferreira é Mestre em Artes Cénicas, pela Universidade Nova de Lisboa. Concluiu o Curso de Especialização Tecnológica em Fotografia, na Escola Universitária das Artes de Coimbra e Licenciou-se em Estudos Artísticos, na Universidade Aberta. Trabalhou no Grupo de Teatro Mensagem, na Boutique da Cultura e no Teatro Ibérico e conta com mais de 40 produções de teatro, incluindo as que participou como ator, cenógrafo e na produção. Em 2014 foi vencedor do concurso LabJovem, na categoria de artes cénicas, com uma obra de dança contemporânea “Chat:Offline” e realizou uma digressão pelo Brasil com o espetáculo “Derivados da Salsicha”, projeto financiado pela Direção Regional das Comunidades. Recentemente editou um livro infantojuvenil e é doutorando em Média-Arte Digital na Universidade do Algarve e Universidade Aberta. Atualmente exerce funções de produção cultural no Núcleo de Programação Cultural, do Departamento de Relações Externas e Internacionais da Universidade de Lisboa.