Nina Vigon Manso

#NobodyQueres/Quiasmos

CONCEITO

#NobodyQueres/Quiasmos pretende apresentar narrativas que cruzem tema relacionados com: autorrepresentação, identidade, persona, alteridade, consciência (no sentido moral, de ética), e de consciousness (do inglês de noção do que se passa à nossa volta), e de como lidamos com estes traços das nossas personae sem cairmos em diferentes formatos de voyeurismo. Importa frisar, que no contexto deste projeto, voyeurismo não está associado a transtorno de personalidade. De uma forma geral, refere-se à vontade ou desejo de espreitar, de vigiar e ter conhecimento/acesso à vida de estranhos, mas com uma distância higiénica, i.e., sem repercussões e contato, desde que obtendo excitação ou prazer pelo ato.

O artefacto #NobodyQueres/Quiasmos canaliza as inspirações das camadas ligadas à persona d@ artista-investigador@, das suas áreas e circuitos. Urge partilhar práticas discursivas alternativas, crenças e atitudes diversas, que culminem num cerzir de experiências num devir constante. Desejam-se dialogantes, empáticas ou mesmo fraturantes. Importa a procura de dinâmicas distintas espoletadas pelo público, de auto-reflexividade, via o olhar cruzado com a (des)colagem visual e das paisagens sonoras do artefacto – a uma distância higiénica. Que fomente diálogo, pensamento crítico, ânsia e conforto, trocas e partilhas, consonâncias, e, quiçá, esperança para a mudança de paradigmas, aceitação, respeito e crescimento mútuo.

Conceitos-chave: videoarte, identidade, alteridade, consciousness, voyeurismo, quiasmos

INSTRUÇÕES DE UTILIZAÇÃO/USUFRUTO

Visitante pode optar por ver as imagens sem ouvir as paisagens sonoras. Também pode caminhar pela exposição a ouvir as paisagens sonoras. Tem alcance suficiente e foram feitas de maneira a ser desfrutadas isoladamente do conteúdo visual. A ideia é as pessoas optarem – tudo ou por partes. E permite ver aos poucos e ir revisitando. É o primeiro artefacto, é normal que se queira avançar para os próximos.

Visitante aproxima-se da blackbox, tem um bengaleiro com headphones sem fios, com 3 canais em loop – dois com paisagens sonoras e um com audiodescrição. Espreita pelas várias aberturas da caixa e vê conteúdo visual, também em loop.

OBJETIVO DE INTERVENÇÃO/COMUNICAÇÃO

O principal objetivo é que o público se envolva com as paisagens sonoras e que estas despertem curiosidade sobre o conteúdo visual (e vice-versa). O ato de espreitar é apelativo, mas fugaz. A decisão de ter headphones sem fio e com um alcance até 200 metros, permite que as pessoas circulem, se assim o desejarem, a escutar as paisagens sonoras e pensando no que pode estar a acontecer no vídeo. E, quem sabe, revisitar o vídeo – que estará em loop. Ao mesmo tempo, o artefacto promove contemplação, reflexão, momentos que nos remetem para nós mesmos. Importa a procura de dinâmicas distintas espoletadas pelo público, via o olhar cruzado com a (des)colagem visual e das paisagens sonoras do artefacto – a uma distância higiénica: ou não.

TECNOLOGIAS E TÉCNICAS UTILIZADAS

Através de uma sequência de colagem de vídeos, associada a duas paisagens sonoras diferenciadas (uma mais enérgica, outra mais tranquilizante), existe a opção de assistir aos conteúdos visuais, através de um buraco (peep hole) instalado numa blackbox. O conteúdo vídeo será constituído por uma colagem de conteúdos captados da web e de imagens vídeo d@ artista. Existe a opção de desfrutar dos conteúdos separadamente: a) vídeo+ paisagem sonora 1; b) vídeo paisagem sonora 2; c) só paisagens sonoras; d) audiodescrição com ou sem vídeo. As paisagens sonoras são essenciais para revisitar o passado, moldam as perceções do mundo à nossa volta, fazem-nos viajar sem sair do lugar.
Para a construção da blackbox: foi muito trabalhosa, com imprevistos. Em boa verdade, foram construídas duas. É uma estrutura feita em madeira, é parcialmente desmontável e o revestimento será, à partida, em K-Line.
Pondero a colocação de cartões e um quadro, ou estrutura equivalente, para as pessoas partilharem reflexões sobre o conteúdo.

REFERÊNCIAS E INFLUÊNCIAS ESTÉTICAS

A diretora artística Sarah Choo Jing é uma das principais inspirações neste momento. A instalação multimédia “Zoom, click, waltz” de ecrãs 13 LED, de indivíduos em vários estados de “performance”, enquanto isolados dentro de frames de janelas é uma primeira referência. Projeto artístico passado numa altura de pandemia Covid-19, em alturas de confinamento, em vários partes do mundo. O interesse crescente da pessoa-investigadora acontece devido ao facto de est@ também ter iniciado um projeto artístico de autorrepresentação do self na área audiovisual, durante a pandemia. Retornando a Choo Jing, “Dancing Without Touching” (2023) decorrido também durante a pandemia, apresentava uma visão alternativa e desafiante sobre os estereótipos tradicionais e respetivas características estereotipadas, e é encontrada inspiração na (self)performance, videoarte e nos formatos de apresentação d@ artista.

Diário Digital de Bordo: https://nobodyqueres.blog/

Nina Vigon Manso

Artista-investigador@ transdisciplinar, gere o seu projeto- exposição PERSONA – Retrato Vivo / Beyond Carbon Copy – patrocínio República Portuguesa e Ministério da Cultura. Através da média-arte digital, frisando a imagem em movimento, paisagens sonoras, e vídeo-performance, explora a intersecionalidade. Tem formação em canto – Conservatório Nacional, Antropologia (ISCTE), mestrado em Ciências do Consumo Alimentar (UAb), programa doutoral em Ciências Agrárias (FCUP) e integrou a equipa de investigação em Ciências do Consumo & Análise Sensorial da FCUP. É artista desde 1981, com um percurso nacional e internacional. Desde 2014 que é cronista do Jornal Público. Frequenta o doutoramento em Média-arte Digital da UAlg/UAb.