Hugo Marques

Omnicore

Conceito

Em “Omnicore” é proposta a exploração do tema “Memórias, Tempo e a sua Manipulação”. O projeto materializa-se numa narrativa cuja linearidade é controlada pelo público, através do movimento das suas mãos. O observador tem a liberdade de determinar a velocidade com que percorre cada fragmento da peça e de escolher em quais desses fragmentos (denominados memórias) deseja permanecer mais tempo.

O público integra alguns destes fragmentos, estando ausente noutros, numa alternância intencional entre presença e ausência. A peça é dividida em 8 “memórias”. Alguns planos narrativos terão uma duração limitada, sendo substituídos por novos elementos; outros estarão sempre disponíveis, prontos a ser revisitados pelo observador. Parte destes planos serve para contar uma história, enquanto outros funcionam como manuais de utilização do artefacto.

O objetivo central desta peça é criar um ambiente de estranheza e experimentação. Os fragmentos desenvolvidos são os seguintes:

Memória 1, 2 e 3 – Narrativas da peça, contextualizam um universo onde existe uma entidade intitulada “Omnicore”, a sua função é guardar memórias, e está presente desde o princípio de todos os tempos.

Fragmento 4 – A memória que está para vir, em “memórias futuras “ confrontamo-nos com planos captados da realidade, envelhecidos e modificados através de ferramentas de inteligência artificial, que regressam ao público sob a forma de memórias instantâneas e, simultaneamente, visões do futuro. As imagens recolhidas ao público são retiradas do presente, alteradas e transformadas para antecipar uma possível visão futura. Assim, observo o resultado da contemplação de pessoas que interagiram com a obra minutos antes, as suas imagens surgem agora envelhecidas, como se fossem memórias antecipadas.

Fragmento 5 – “O presente”, estou aqui, o preciso momento retorna para o público em forma de imagem alterada, ela própria manipulável através dos movimentos da mão.

Fragmento 6 – “Memória de Curta Duração”, eu estive aqui, deixo a minha imagem para quem vem utilizar a peça a seguir, para ser de seguida substituída por outra, e por outra…

Fragmento 7 – “Memórias Depositadas” neste local o público tem a possibilidade de fazer o upload de uma memória que considere importante, passando a mesma a fazer parte integrante do reservatório de memórias do artefacto.

Fragmento 8 – “Faces”, nesta área o público confronta-se com todas as faces envelhecidas de quem interagiu com a peça, incluindo a sua. Um banco de memórias de quem passou pelo “Omnicore”.

Objetivos

Existe uma crescente necessidade humana de inundar as redes com imagens próprias, este facto está relacionado com uma busca pela construção e manutenção de uma autoimagem positiva, nas redes controlamos a ideia que queremos que os outros tenham acerca de nós, na busca de reconhecimento, aprovação e validação.

Omnicore é também um repositório, contrariamente ao que se passa nas redes sociais quando o público é confrontado com a possibilidade de deixar uma memória ele hesita, repensa e escolhe cuidadosamente o que quer colocar, na procura daquilo que realmente tem significado e valor suficiente para alimentar a peça…quando o projeto foi concebido o autor não teve em conta que este peso da escolha de uma ou duas “memórias” teria tanto significado para quem as coloca, mas o que é facto é que a grande maioria daqueles que participou na peça com uma memória sua, demoraram o seu tempo, pensaram a sua escolha.

Na criação de “Omnicore”, tentou-se explorar a manipulação do tempo, permitindo que o público controle a linearidade da narrativa e experimente o tempo de forma fluida e personalizada. Procurou-se também estimular a interatividade e a participação ativa, transformando o espectador em coautor da obra e dando-lhe poder para influenciar a experiência artística. A peça reflete sobre a natureza da memória, investigando como as memórias são criadas, alteradas, partilhadas e armazenadas, tanto individual como coletivamente, e questionando a sua autenticidade e permanência. O autor procurou ainda criar um ambiente de estranheza e experimentação, gerando sensações de desconforto, surpresa e curiosidade através de imagens manipuladas, alternância entre presença e ausência, e fragmentação narrativa. Questionou-se a identidade no mundo digital, explorando como ela é construída, transformada e arquivada com o uso de inteligência artificial e bancos de dados de imagens. Ao promover a cocriação e o arquivo coletivo, permite-se que cada visitante deixe a sua marca, contribuindo para um repositório vivo e em constante mutação de memórias e identidades. Por fim, desafia-se a perceção do real e do artificial, utilizando ferramentas digitais para manipular imagens e narrativas e levando o público a questionar o que é real, o que é memória e o que é projeção ou ficção.

Omnicore convida o público a mergulhar numa experiência sensorial e conceptual, onde o tempo, a memória e a tecnologia se entrelaçam, desafiando as fronteiras da perceção e participação.

Instruções de Utilização

As instruções de utilização encontram-se na peça em formato de vídeo.

Diário Digital de Bordo

https://padlet.com/hugofmarques/di-rio-digital-de-bordo-hugo-marques-3o54cd1y9gfpag4t

Hugo Marques

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Licenciado em Artes Plásticas pela Faculdade de belas artes de Lisboa, 30 anos de experiência na área de marketing e multimédia. Atualmente leciona no curso de Artes Plásticas e Design na Universidade de Évora. Foi formador por vários anos no ensino profissional tendo desempenhado o papel de coordenador de do curso de multimédia. Em regime de freelancer já colaborou com empresas como: Affinity by Serif, ARS Alentejo, Vodafone, Centro de Emprego de Évora, ADRAL … entre outras.