11:30 – Museu Zer0

11:30, quarta-feira, dia 12

Museu Zer0

A criação de um Museu – introito

As artes visuais, sendo por excelência uma área de trabalho sempre atenta ao mundo que nos rodeia, assumem, tal como noutras épocas históricas, um papel importante na liberdade de interpretação e expressão desta nova realidade presente e futura, na exploração de novas dimensões transversais do olhar, da sensibilidade, do sonho.

Afirmada a revolução digital na sociedade atual, o sector das artes tem vindo a despertar mundialmente para estas novas linguagens, e temos hoje, cada vez mais, novos artistas a assumirem gradualmente as artes digitais como a sua área de expressão e criação.

Tal como as novas tecnologias desencadearam mudanças em quase todos os domínios da vida quotidiana e das áreas científicas, desde as relações afetivas e emocionais, às relações sociais, profissionais e económicas, da política, à educação, à
saúde, às ciências, etc. também as artes não ficaram imunes, à revolução digital dos dias de hoje.

Proliferam por todo o mundo artistas dedicados à criação por meio das linguagens digitais e de computação. O panorama de integração destas artes na atividade e acervo das mais diversas organizações cresce diariamente. Internacionalmente surgiram várias organizações dedicadas a esta área, museus e galerias especializados, novos cursos de formação especializada nas universidades, etc.

Em Portugal a revolução digital é uma realidade social mas no campo artístico toda a situação é ainda muito incipiente. No domínio da criação artística, a presença do digital ganha gradualmente dimensão internacional, pelo que, não podendo Portugal ficar de fora dessa dinâmica, queremos constituir um equipamento único, destinado à afirmação da arte digital, enquanto plataforma de criação e apresentação da criação artística no domínio das linguagens digitais, mas também de sua divulgação, investigação e formação.

O aparecimento do Museu Zer0

Partindo da iniciativa do Instituto Lusíada de Cultura-ILC, associação sem fins lucrativos fundada em 1982 e declarada de utilidade pública em 1991, preconiza-se a criação de um Museu dedicado às artes digitais, reabilitando uma parte significativa das instalações da Cooperativa Agrícola em Santa Catarina da Fonte do Bispo, Tavira.

Foto do projeto – Pedro Silva Arquitectos

O Museu Zer0, inspira-se na matemática para afirmar um princípio identitário: o de um espaço aglutinador. Zer0 é um número que representa na matemática “a identidade aditiva dos números inteiros, dos números reais e de muitas outras estruturas algébricas”, e é considerado “como sendo uma das maiores invenções da humanidade, pois abriu espaço para a criação de todas as operações matemáticas que são conhecidas atualmente”.

O Zer0 é elementar ao crescimento, reserva espaço para o que há de vir.

O Museu Zer0 surge como uma instituição em terreno virgem, a primeira dedicada exclusivamente a esta área específica, e que pretende contribuir para que Portugal possa alcançar um acerto temporal com o resto do mundo.

Trata-se de um lugar que pretende dar continuidade à evolução do sector museológico na afirmação do Museu como espaço de exposições temporárias, um polo dinamizador da criação artística, que cumpre as funções de investigação, exposição, difusão e que privilegia o papel ativo do Museu na interpretação da cultura, no aprofundamento científico e crítico do papel do museu na educação do homem, em detrimento da constituição de uma coleção permanente e de um depósito para obras de arte.

Foto do projeto – Pedro Silva Arquitectos

O Museu Zer0 pretende ser esse novo espaço aberto ao futuro, que se inspira no paradigma do zero: o de um nada que existe efetivamente. Um guardador de lugar para esta nova geração de criadores, lugar de apresentação de obras em trânsito de uma coleção em aberto para o futuro da humanidade.

Face ao contexto atual, tendo em conta o reduzido número de artistas nesta área de criação em Portugal, mais ínfimo ainda quando nos reportamos a artistas com carreira e com um trabalho consistente que justifique a sua entrada numa instituição museológica; considerando também que grande parte das obras digitais podem ter vida virtualmente, o Museu Zer0, decide assumir e explorar literalmente a sua condição de um museu físico sem coleção permanente física, embora venha a incorporar, na sua forma digital, os trabalhos aqui produzidos e/ou apresentados, nos correspondentes suportes físicos de guarda e preservação futura.

Conceito

O Conceito principal em que assenta este Museu será a criação de um lugar dedicado à criação, apresentação, divulgação, valorização e acompanhamento da arte digital.

O grande desafio, e aposta, parte exatamente do contexto onde se fará esta intervenção ( instalações industriais abandonadas, num território ainda sobretudo agrícola, mas onde permanecem vivos  extraordinários aspetos e valores da etnografia, cultura e património algarvios) e da ambição de o transformar num centro dedicado à produção artística que projetará Portugal a nível internacional.

A sua instalação passará pela apresentação (das obras ao público), mas também pela hospitalidade (acolhimento de artistas residentes para a criação artística), no intuito de captação de visitantes e turistas, ao Museu Zer0 e à região, funcionando como um novo elemento de visibilidade internacional de Portugal, nas vertentes artística e cultural contemporânea.

Os nossos principais objetivos são, portanto, criar um equipamento que, simultaneamente, seja capaz de se afirmar a nível internacional pela qualidade das obras que aqui serão produzidas e apresentadas, e que as mesmas consigam estabelecer uma ligação com os valores paisagísticos, culturais, etnográficos e artísticos, da terra algarvia.

Princípios pré-programáticos

Como principais preocupações de atenção à futura Programação de atividades no Museu Zero, realçamos os relativos aos seus conteúdos artísticos futuros, o compromisso de se vir a estabelecer uma sua programação de eventos e iniciativas que correspondam a atividades de carácter regular e de “geometria variável” ( desde os grandes eventos de projeção internacional, até às previstas iniciativas dedicadas ao território, e ao seu património), bem como as suas elevadas exigências estabelecidas ao nível dos recursos técnicos e tecnológicos a envolver no futuro.

Realce-se também a aposta que terá que produzir-se ao nível das tecnologias que irão aqui instalar-se, e colocar ao serviço dos artistas, quer seja para iniciativas de criação e produção em local, num trabalho em rede com outros Museus congéneres, Universidades e Centros de Investigação, como para a sua posterior apresentação e difusão a nível internacional.

Temos como principais públicos-alvo os visitantes e turistas nacionais e estrangeiros, os residentes ( nacionais e estrangeiros) na região, e pretendemos ter como principais parceiros todas as entidades que connosco queiram trilhar o caminho de dar a conhecer a arte digital, colaborando nas atividades de formação, investigação, criação, e produção artística, a nível ( de nível) internacional.

Queremos ser (re)conhecidos ao nível internacional, pois estamos certos de assim contribuir, da melhor forma, para a captação de novos visitantes e turistas para Portugal, por via de novos elementos atrativos, no campo da cultura contemporânea.

Sem coleção de base, mas estruturado em princípios museológicos, o Museu Zer0 irá criar um espólio de metadata com base na sua atividade e especializar-se na classificação, gestão e conservação de arte digital.

O Museu Zer0 tem por objetivo implementar várias valências: espaço de residências artísticas e atelier de criação para projetos cutting edge, espaço expositivo de artistas portugueses e internacionais e de estreia de obras inéditas, espaço de investigação e de formação dedicado exclusivamente à arte digital com a colaboração de entidades académicas e profissionais da área.

Interior do futuro museu

Por meio de uma rede sustentada de contactos e de parcerias, pretendemos que o Museu Zer0 crie uma dinâmica nacional e internacional, capaz de atrair ao Algarve e a Portugal, não apenas um público especializado, como todos os públicos, incluindo turistas, graças à notoriedade deste equipamento cultural.

Queremos que este seja por excelência o espaço nacional dentro do domínio das artes digitais, que distinga Portugal nível artístico e cultural e que nos projete, alcançando reconhecimento internacional.

Não funcionaremos de forma isolada, pois queremos construir pontes de colaboração para um trabalho em rede com outras entidades relevantes para os nossos domínios artísticos, produzindo e apresentando projetos de investigação, e criação, por via de exposições e atividades culturais, e conferindo ainda um papel muito especial à formação em arte digital, sobretudo a nível internacional.

O Museu Zer0 será, pois, um espaço de criação, de investigação, de formação, e de apresentação artística, dedicado exclusivamente à arte digital, sendo a sua ambição, a de vir a ser reconhecido como um espaço único, a nível internacional.

Decorrendo já as obras de reabilitação e de reconversão dos espaços, temos também vindo a estreitar laços de trabalho e cooperação com outros museus, fundações, e programadores culturais, de modo a concretizar iniciativas para a sua apresentação pública (de forma faseada, em função exatamente da evolução da concretização dos seus conteúdos programáticos futuros ) para que se possa ir apresentando a sua identidade ( e correspondente “marca” ) claramente inovadora, e associada à vocação internacional de elevada notoriedade que se pretende nele introduzir.

João Vargues é licenciado em Economia, pelo Instituto Superior Economia, com especialização em relações internacionais. É Vice-Presidente da Direção do Instituto Lusíada de Cultura e Presidente da Comissão Executiva do Museu Zer0

É Chefe de Divisão de Desenvolvimento Económico, Estudos e Financiamentos Comunitários no Município de Faro, depois de ocupar o cargo de Diretor do Departamento de Planeamento Estratégico no Município de Faro, de Chefe de Divisão de Planeamento e Programação de Investimentos no Município de Tavira.

Foi Diretor Geral da AmbiFaro, Diretor Geral da Globalgarve, Agência de Desenvolvimento Regional do Algarve, Diretor de Serviços Administrativos e Financeiros dos Serviços Municipalizados de Faro.

Foi ainda Diretor de Projecto nas áreas dos Sistemas de Informação e Comercial e Diretor do Departamento de Planeamento e Controle de Gestão na Portugal Telecom.

Foi Assistente Convidado da Universidade do Algarve para a área de Sistemas de Informação de Economia e Gestão.

Representou o Município de Faro nas duas primeiras edições do programa AALGARVE, assegurando a co-programação e co-produção cultural. Coordenou diversas manifestações artísticas e culturais na Fábrica da Cerveja.

É especialista na área de desenvolvimento económico, territórios e cidades criativas, e em matérias ligadas ao desenvolvimento sustentável. Coordenou diversos projetos europeus de âmbito cultural, e coordena projetos de âmbito regional no domínio das indústrias criativas e culturais.

É Presidente do Conselho Fiscal do Cine Clube de Faro.