Ana Luz e Silva
Hope in Salvation
Conceito
“Hope in Salvation” é uma instalação intervencionista que denuncia o abandono da Fábrica Robinson, em Portalegre, antiga referência da indústria corticeira portuguesa. A obra desenvolve-se a partir de três pilares essenciais: património industrial, revitalização e tecnologias imersivas. Uma narrativa envolvente pretende potenciar o vínculo emocional e cognitivo do público com o património industrial, que é conseguido através de uma planta esquematizada desenhada com fita-cola com o lettering “frágil” no piso do Convento, duas torres realizadas com rede metálica e a projeção de uma videoarte. O visitante é convidado a percorrer esta viagem sensorial com recurso a imagens, vídeos e sons, obtidos por QR codes disponibilizados em oito letras, que no conjunto formam a palavra “Robinson”. O projeto valoriza a memória industrial e cultural local, convidando à reflexão sobre o impacto do desenvolvimento económico e a urgência da preservação do património coletivo.
Referências e influências
A instalação intervencionista “Hope in Salvation” recebe influências estéticas do cineasta Jorge Murteira que se dedica também à arte de fotografar. Realizou o único acervo documental em vídeo dos tempos de laboração da Fábrica Robinson. O documentário intitula-se “A Ideia nunca abala”.
Para quem não está familiarizado com os termos tipicamente alentejanos, este título é bastante sugestivo. “Abalar” é uma palavra que se usa muito no léxico de um alentejano e significa “ir embora”. O Jorge foi desafiado pelo professor António Camões Gouveia, em representação da Fundação Robinson, em 2005, para documentar a memória dos operários, a sua relação com as máquinas e as sociabilidades existentes, quer dentro quer fora da unidade fabril. Fazia parte de um projeto ambicioso que pretendia instalar uma nova centralidade no espaço da Fábrica Robinson. O propósito desta recolha consistia, em concreto, para além do documentário, em preparar um acervo videográfico para o Museu que seria ali futuramente instalado.
Objetivo de intervenção
Pretende-se que o visitante recue nas memórias relativamente à Fábrica Robinson, outrora, a maior corticeira nacional e uma das maiores da Europa. Esta instalação surge para sensibilizar a urgência da revitalização e dinamização daquele espaço industrial localizado em pleno centro histórico da cidade.
A família Robinson deixou um importante legado industrial em Portalegre. A fábrica, à qual dedicou 160 anos de existência foi testemunho e motor do desenvolvimento industrial, social e corporativo da região. O património deste complexo encontra-se em risco, pelo que preservá-lo através das ferramentas digitais (textos, imagem, vídeo, áudio, realidade aumentada) e garantir que a sua memória presente seja transmitida de geração em geração.
Instruções de utilização
A instalação é repartida em três partes distintas: videoarte/documentário sobre o estado atual da Fábrica Robinson, Realidade Aumentada e QRcodes que permitem o acesso a informação variada (sons, vídeos e fotografias) e visualização dos conteúdos num website através de um tablet.
Pretende-se que seja explorada por grupos pequenos (até três pessoas) para que a experiência não tenha entraves. Para a visualização dos conteúdos no tablet e para a visualização da videoarte, o visitante poderá sentar-se num banco. Por sua vez, para a exploração da planta arquitetónica desenhada no piso, o visitante poderá visualizar os conteúdos que quiser, não seguindo uma ordem previamente estabelecida e tendo em conta que o fator surpresa se encontra presente, uma vez que nada se encontra identificado. Através do seu telemóvel com ligação à internet, tem acesso a QRcodes e Realidade Aumentada que o transporta para conteúdos sobre este complexo industrial.
Técnicas e Tecnologias utilizadas
- Videoarte/documentário projetado numa parede;
- Website (https://analuzsilva.notion.site/F-BRICA-ROBINSON-1f347e2fef18800e83e1c580c44802b9) com conteúdos informativos do projeto (História da Fábrica/ Projeto Requalificação Souto Moura e Graça Barroso/ Fotografias do Passado/ Fotografias do Presente/ Videoarte/ Experiência Imersiva/
Exposição Convento do Espírito Santo em Loulé) visualizados no tablet; - QRcodes integrados nas letras (no conjunto fazem a palavra “Robinson”) com ligação à internet permitem aceder a sons e fotografias (antigas e atuais);
- App Realidade Aumentada (Artivive) que permite aceder a dois vídeos do espólio industrial da Fábrica Robinson.
Diário Digital de Bordo
https://analuzsilva.notion.site/DI-RIO-DIGITAL-BORDO-13c47e2fef1880e7befff79761f9ed02
Ana Luz e Silva
Natural de Portalegre. Licenciada em Design de Comunicação (ESTGDP) e mestre em Design Gráfico (FAUL). Foi designer no atelier de Design CM7, Município do Crato, Hospital Dr. José Maria Grande, Ordem dos Arquitectos e AFP. Realizou trabalhos como freelancer em design, ilustração e fotografia. Leciona as disciplinas de Educação Visual, Educação Tecnológica e Tecnologias de Informação e Comunicação na escola pública.