who AR we?
Um projeto de arte computacional de Filipa de Araújo Cristina.
“A vigilância é líquida”. Bauman atribui o estado líquido à vigilância atual que “se espalha de maneiras inimagináveis, entornando-se por todo o lado”. O autor defende que a vigilância está menos apegada à solidez da observação espacial, como era o caso do Panopticon de Bentham, e, como tal, tornou-se pós-panóptica. É deste pressuposto que parte o artefacto.
Uma vigilância invisível e omnipresente – qualidades que foram transportadas conceptualmente e visualmente para o artefacto -, ela compreende a transformação do corpo humano em dados de informação. E quando os nossos rastros digitais são reunidos, eles contam histórias sobre nós. Deste cenário surgem questionamentos que o artefacto traz à luz. O que dizem os nossos dados sobre nós? Somos quem a nossa sombra digital diz que somos?
O artefacto pretende oferecer ao utilizador uma experiência lúdica e imersiva digital com recurso à realidade aumentada. Esta tecnologia digital pretende estimular a interação com a obra de forma divertida e construir histórias num universo que se expande para lá do visível e real, proporcionando formas dinâmicas de expressão artística e de experienciar arte.O utilizador será confrontado por dois ambientes opostos: o da realidade fora da área do pós-panóptico, um espaço quase vazio, e o de hiper-informação digital que é descoberto no pós-panóptico pelo complemento da RA, de forma a potenciar uma atitude de reflexão sobre o quão impercetível a vigilância digital pode ser, fomentando questionamentos e a crítica sobre a indústria da vigilância e informação digital.
O artefacto pretende alertar o espectador-utilizador para os desenvolvimentos tecnológicos da vigilância digital que tem, hoje, como principal foco a captura de informação dos indivíduos para a construção de perfis de identidade que poderão levar a novas definições de ser humano na era pós-moderna.As qualidades evocativas e imersivas do som a ser reproduzido, têm como objetivo reforçar o desejo e curiosidade do espectador pelo artefacto, e conduzi-lo pela sala de exibição ao espaço da experiência. Aqui, o espectador depara-se com três mesas expositor, uma delas servindo de suporte para um smartphone, e de onde irrompem dois posters que se impõem e destacam pelo tamanho, conteúdo gráfico de um e qualidade refletora do outro. O poster informativo contém instruções impressas que instruem o espectador a erguer o dispositivo móvel de forma a iniciar a visualização da realidade aumentada. Uma vez imerso na RA, o espectador-utilizador é orientado por via da virtualidade desta tecnologia. No término da experiência, o espectador-utilizador é convidado a tirar uma “selfie” no ambiente de RA, a qual será carregada no website do artefacto. Uma vez finalizada a experiência imersiva o espectador-utilizador pode encontrar, em cima de um dos expositores, o panfleto da obra que inclui um código QR de acesso à página web do artefacto. A página atua como arquivo, mas serve também para posterior revisita da exposição em ambiente online, onde o espectador-utilizador pode encontrar e guardar a sua fotografia como souvenir.
DIÁRIO DE BORDO
Ficha técnica
O espaço expositivo divide-se em 3 etapas de visualização-interação:
Mesa 1
- Smartphone
- Headphones
- Poster A1
Mesa 2
- Manequim
Mesa 3
- Espelho A1
- Flyers QR
Recursos tecnológicos
- Realidade Aumentada
- Código QR
- Website
- Faixa áudio
- Média impressos (Poster e Panfletos)
Aplicações
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Adobe Aero, para produção e visualização da RA
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Adobe Photoshop, para edição de imagem
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Adobe Illustrator, para desenho de imagem vectorial
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Aplicativo leitor de código QR, para scan do código de acesso à página do artefacto
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Adobe Portfolio, para a produção da página web
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Adobe Audition, para edição de faixa de áudio
Filipa de Araújo Cristina
Nascida em Vila Nova de Gaia em 1987. Mestre em Design de Comunicação e Multimédia pela Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos (ESAD), com Especialização em Tipografia pela Escola d’Art i Superior de Disseny de València (EASD).
A sua paixão pelo ensino surgiu no Vietname. Aí lecionou o diploma de nível superior em Design Gráfico no ADS Vietnam Design Institute e a licenciatura e co-coordenação do curso em Design de Comunicação Gráfica na Ton Duc Thang University (TDTU). Atualmente a residir em Macau, é Professora Convidada na Saint Joseph University (USJ) e Diretora Artística no Jornal Tribuna de Macau (JTM).
Doutoranda em Média-Arte Digital pela Universidade Aberta (UAb), procura dar continuidade e profundidade à sua carreira académica ao nível do ensino e investigação no desenvolvimento de competências que lhe permitam explorar e apoiar o entendimento do significado de ser humano e dos seus ambientes na era das tecnologias exponenciais.
Ao longo da sua jornada como designer e investigadora, é sua motivação perceber como o papel do designer se está a transformar, a afastar-se da sua função primária de experto em design para se tornar num facilitador. Defende que o designer-facilitador é um agente de mudança e educador, focado na criação de métodos e ferramentas que visam cuidar os indivíduos e ajudá-los a florescer e a projetar, capacitando-os de competências para solucionar problemas.