Sílvia Venturinha Jermias

Somos Todos Mar

um ecrã para a cidadania – ou arte para o lixo

Conceito

Somos Todos Mar – um ecrã para a cidadania ou arte para o lixo é um projeto artístico híbrido em Média-Arte Digital – MAD. No enquadramento académico e artístico-digital do Doutoramento em MAD o projeto é apresentado com a instalação de videoarte integrada num cenário artificial de uma cortina de plástico interativa. A investigação na prática artística deste projeto contou com a estrutura metodológica a/r/cográfica (Veiga, 2019) em que as várias etapas de reflexão, criatividade e ação são generativas ao longo de todo o percurso de inspiração, conceção e concretização do projeto.

Este projeto, integrado na apresentação de um coletivo de projetos em MAD, Intitulado RIZOMA, é desenvolvido para o Convento Espírito Santo, em Loulé, alerta os visitantes da Exposição para a valorização do património natural e reforça a sua identidade cultural e coletiva. Os problemas ambientais sentidos ao longo das últimas décadas do século XXI requerem a atenção individual e a intervenção de todos,  multidisciplinar nas diversas áreas do conhecimento, para um encontro criativo de soluções na contrução de uma cidadania mais saudável e ativa. A literacia para os oceanos, produtores de oxigénio no planeta, desenvolve-se no projeto Somos Todos Mar na valorização, sensibilização e intervenção para a proteção do Mar através da comunicação em MAD.

A pertinência da literacia para os oceanos é enriquecida com a literacia em MAD onde os cidadãos despertam para este tema global, quer enquanto criadores digitais, quer como consumidores de média-digital. A MAD, um ecrã para a Cidadania, é também uma potencial expressão artística digital como canal de comunicação, no acesso local e mundial.  A criação do Projeto Somos Todos Mar opera sobre a imagem e conteúdos de pertinência artística, social e ambiental e apresenta na exposição coletiva uma instalação de dois elementos – videoarte e uma Cortina de Plástico Interativa.

Instruções de utilização 

A ação e movimentação sugerida ao visitante na instalação MAD reflete a atitude humana com que nos confrontamos na realidade. Se queremos chegar perto do Mar, na sua plenitude, encontrar o horizonte limpo, símbolo da nossa identidade cultural e coletiva, reconhecemos a expansão dos Oceanos e o seu potencial ambiental, alimentar, turístico, económico, artístico e náutico está na nossa mão desviar e organizar os obstáculos que temos à nossa frente.

Somos Todos Mar representa a MAD numa comunicação local e global, interventiva artisticamente na construção de uma Cidadania mais saudável, promovendo o Artivismo. O modo híbrido e físico da apresentação MAD unifica a ação humana e tecnológica, com base na atitude e intervenção criativa, necessárias face aos problemas sociais atuais.

Somos Todos Mar apresenta a  instalação videoarte obstruída física e parcialmente pela Cortina de Plástico Interativa suspensa. Composta por 10 módulos de plástico reutilizado, a cortina integra 3 códigos qr, os quais permitem aceder online, através do uso público, particular ou individual de telemóvel, a 3 vídeos sobre a sua construção, a pertinência da MAD aliada aos problemas ambientais na comunicação com os mais jovens e a visão mundial sobre a poluição dos mares. A Cortina de Plástico Interativa pode ser desviada pelas mãos do próprio visitante, para se aproximar da projeção da videoarte (em looping) .

Objetivo de intervenção/comunicação

A apresentação videoarte representa o choque entre um posicionamento poético, mágico, pacífico e romântico do Mar. A inocência da infância reflete-se na calma do horizonte do mar, num ambiente sensorial confortável. O azul do mar e o som das ondas envolvem-se na suavidade de um sonho que espalha lentamente a espuma na areia. Mas a noite chega e arrefece o ar. O mar alto não dá confiança, está cavado e com um olhar misterioso. É a adolescência a protagonista da revolta do mar, um mar industrializado, onde os navios e petroleiros carregados atracam, partem e deixam marcas.

Diário Digital de Bordo:

https://acrobat.adobe.com/link/track?uri=urn:aaid:scds:US:e353926e-03b9-35de-b9a7-094a20739e01

Tecnologias e técnicas utilizadas 

Projeção Videoarte

  • 7’
  • 1920x1080px
  •  kinemaster, mp4

Cortina Interativa de Plástico Reutilizável

  • 1,75m x 3m
  • Integra 3 códigos QR para vídeos online

Referências e influências estéticas

Crescer, viver e dar à luz numa pequena cidade à beira Mar, outrora piscatória, atualmente industrial, como Sines – Alentejo Litoral – desperta-me a atenção para a proteção do planeta, o clima, a vida marinha, a cultura e o Mar, as relações sociais e o ambiente onde se inserem e preocupa-me a continuidade, a preservação do Mar, na sua (nossa) plenitude. O Mar é o mote de documentários, teatro, músicas, festivais e poemas e, o meu contributo para dar voz ao Mar, é a MAD.

Pretende-se que a comunicação artística de Somos Todos Mar seja reflexiva como a visão de Bauman, perante a atual sociedade líquida, e que preconize valores culturais, mais responsáveis na prática de uma cidadania ativa. Também a estética da complexidade poética de Al Berto, foram pontos de referência na criação de ambientes visuais e sonoros. O azul presente nas obras dos artistas Helena Almeida e Daniel Blaufuks, são a principal influência convertida nas imagens em movimento de Somos Todos Mar – videoarte.

Sílvia Venturinha Jermias é doutoranda em Média-Arte Digital (MAD), Universidade do Algarve – Universidade Aberta. É colaboradora no Centro de Investigação em Arte e Comunicação (CIAC) e desenvolve a sua atividade profissional como professora do ensino básico público – Agrupamento de Escolas de Sines – na área das artes visuais, multimédia e educação especial. Enquanto coordenadora local do Plano Nacional de Cinema (PNC) e co-ordenadora do Programa Eco-escolas desenvolve iniciativas artísticas e digitais ligadas à comunicação, preservação ambiental e cidadania, com a comunidade educativa e parceiros sociais. O Mestrado em Formação Pessoal e Social (Universidade de Lisboa – Faculdade de Ciências) apresenta no seu percurso profissional e artístico o cenário para uma Cidadania Artivista e Digital na comunicação com os outros. Desde 2022 coordena o Projeto Plano B, com oficinas de iniciação às Artes Plásticas e MAD, envolvendo jovens de ateliers de Sines, Setúbal e Vila Nova de Mil Fontes em exposições coletivas.