Nuno Martins
Ressonâncias Tipográficas
Conceito
“Ressonâncias Tipográficas” é um projeto de tipografia experimental e interativa, que combina tipografia, movimento e som. Pretende explorar a simbiose entre o som e a tipografia dinâmica em sistemas generativos, como meio de expressão e comunicação visual de emoções.
A ligação entre tipografia e o som está presente deste a invenção dos primeiros alfabetos, pois os glifos correspondem a representações gráficas de sons. Cada tipografia tem uma personalidade única, transmite uma sensação diferente, possui uma energia própria, tem um tom específico de “voz”, e pode manipular a maneira como percebemos a mensagem.
A instalação “ressonâncias tipográficas”, procura explorar de uma forma essencialmente lúdica o conceito de personalidade tipográfica associado à “voz” da tipografia, convidando a audiência para uma experiência interativa em torno do comportamento responsivo e generativo das letras, em função do movimento e do som.
O conceito partiu da ideia de explorar a “voz” da tipografia, no âmbito da sua relação com a perceção emocional, formulando-se a partir da seguinte questão: como a tipografia dinâmica e generativa combinada com elementos sonoros podem influenciar a perceção emocional da tipografia? Ou, como a tipografia dinâmica e generativa combinada com elementos sonoros podem influenciar a “voz” da tipografia e criar diferentes “tonalidades”?
Para explorar esta questão através da criação de num artefacto de média-arte digital idealizei uma composição tipográfica, estruturada num sistema generativo em que as letras são geradas de forma dinâmica e autónoma, e que pode também ser manipulada pela audiência através da interação.
As tonalidades da mensagem são incorporadas por meio de elementos tipográficos e sons dúbios e incertos, sobreposições ou mudanças sutis de forma das letras que podem alterar a sua perceção emocional.
Instruções de utilização
Através da interação, pretendo, potenciar a identificação do eu com o artefacto. Fazer com se as pessoas sintam que fazem parte da “narrativa”. Fazer com sintam que o artefacto de certa forma, também é seu.
Foi criado um comportamento passivo e ativo para a composição tipográfica. O comportamento passivo corresponde ao momento em que não existe interação da audiência com a composição tipográfica. O comportamento ativo inicia-se com a interação da audiência com o artefacto.
O som tem também uma função acão-reação ou feedback comportamental. O feedback comportamental refere-se a uma resposta que indica que a ação teve algum efeito dentro do sistema.
A audiência ao interagir com a composições tipográfica, acionando um determinado processo ou parâmetro, ouve-se um efeito sonoro, em diálogo ambíguo com a mutação tipográfica, confirmando ainda que a ação foi realizada “com sucesso”. O silêncio será utilizado como elemento sonoro, podendo criar ambiguidade no momento da sua presença.
Objetivo de intervenção/comunicação
A instalação tem como finalidade levar a audiência a explorar e questionar a natureza da tipografia e estimular a reflexão sobre como a comunicação pode ser influenciada pela perceção individual. Além disso, tem como intenção fazer com que a audiência se envolva com o conceito associado á instalação de forma lúdica, recreando-se com a arte de “fazer” tipografia e incentivando a exploração e a experimentação.
Diário Digital de Bordo:
https://ddb-nunomartins.tumblr.com/
Tecnologias e técnicas utilizadas
A instalação ocupa um espaço interior, com pouca luz ambiente, como, por exemplo, uma sala. Uma das paredes ou superfície do espaço, de cor brancas, será utilizada como tela para a projeção. Na parede é projetada uma composição tipográfica em constante mutação, criada por meio de algoritmos que combinam e transformam letras e palavras em tempo real, produzindo uma corrente de informações que flui e flutua na projeção.
Na instalação está um sensor de movimento, mais especificamente um Kinect, para monitorizar os movimentos da audiência. O kinect deteta a forma (ou silhueta) dos visitantes, definindo uma zona interativa, que em contacto com a composição tipográfica permite alterar os parâmetros previamente codificados na estrutura da composição ou anatomia das letras. Isso permite ao visitante interagir diretamente e em tempo real com a composição tipografia, alterando-a.
Para uma experiência mais envolvente existe um ambiente sonoro que dialoga com a composição tipográfica da instalação.
São criadas interferências sonoras em sincronização com o processo interativo e generativo tipográfico, através de ruídos, distorções e manipulações de áudio.
Nuno Martins é licenciado em Design de Comunicação (Universidade do Algarve) e doutorando em Média-Arte Digital (Universidade Aberta / Universidade do Algarve). Enquanto Designer de Comunicação é apologista de uma linguagem gráfica simples, “clean” e universal. Testa frequentemente a fronteira entre o design e a arte, explorando conceitos anexos ao design emocional para se ligar de uma forma mais sensitiva às pessoas.
É docente na Licenciatura em Design de Comunicação e no Curso TeSP em Design e Tecnologias Multimédia, na Escola Superior de Educação e Comunicação, Universidade do Algarve.