Célia Palma

in/visibilidades no feminino



Conceito

‘in/visibilidades no feminino’ evoca a Mulher a Sul, através da experiência em media-arte digital com a intenção de provocar o pensamento critico, na abordagem visual e sonora, e a transformação do resultado em prática de subversão.

O projeto em forma de instalação interativa traça a linha temporal do percurso histórico do papel da mulher, as mulheres a sul. O projeto toma como referência a história das relações de género, e procura compreender os processos de evolução e produção de novas formas de subjetividade feminina, distanciadas dos tradicionais estereótipos de género. Incorpora a relação da etnomusicologia, os cânticos das mulheres como afirmação do seu papel na sociedade, em formato manifesto.


Instruções de utilização 

As sequências dos movimentos do público espetador compõem a textura sonora. A interação conduz a uma evolução da notação musical, do som melódico ao som ensurdecedor. As texturas sonoras dos ‘cânticos’ apresentam sons textuais, com a repetição de palavras e constroem a narrativa de subversão.

A interação é acionada pelo público, em movimentos monitorizados pela webcam kinect, que gera a composição áudio de acordo com o padrão rítmico, repetidamente, de forma cíclica.

Durante a exposição, o artefacto deverá apresentar em formato sinalética indicativa, as regras de interação, assim como delimitar a zona de atuação do público no solo. A exemplo:

  1. aproxima-te
  2. através de movimentos lentos interage com a imagem
  3. diverte-te!

Objetivo de intervenção/comunicação

A invisibilidade e a falta de representação das mulheres na chamada sociedade de informação é um facto documentado, partindo do seu papel na história. A sociedade portuguesa vive com as desigualdades de género há muito tempo sem que isso a incomode. E nos últimos anos, o ressurgimento do pensamento feminista entre as mulheres traz à tona a relevância de explorar novamente o ‘artivismo’ das gerações passadas e futuras. Deste modo ir ao encontro de novas formas de experimentação, em conexão multidisciplinar do ‘artivismo’, da mediação sociocultural e da etnografia em media-arte digital, na sua relação e corporização do feminino, na procura de novos caminhos e respostas na ‘ressignificação’ dos estereótipos sociais de género feminino.

A instalação é um espaço de revisitação acolhedor ou não, que nos remete para o espaço íntimo, através da vídeo instalação generativa, em que o espectador corporiza o espaço do manifesto.


Diário Digital de Bordo

https://ddb-celiapalma.tumblr.com


Tecnologias e técnicas utilizadas

Projeção e apresentação do filme generativo – videoarte ‘in/visibilidades do feminino’. O filme é composto por imagens em movimento (imagens generativas criadas a partir de AI – Inteligência Artificial) projetadas em formato filme com pós-produção prévia.

A instalação, com experiência interativa e sonora, consiste no despoletar de sons, através do posicionamento do público, captados pela webcam kinect, que através do mapeamento do espaço, captura o movimento e a posição do espetador usuário em frente à webcam previamente programada com a criação de um programa personalizado para controlo da mesma, a partir do openFrameworks.cc e instalação do XCode, ambiente de desenvolvimento integrado. O som é acionado no espaço previamente delimitado, e depende do movimento e posição do espetador.

O som é gerado a partir de arquivos sonoros previamente masterizados em samples de ‘cânticos’ e outras sonoridades em modo repetitivo, resultam na transposição de características digitais do som tradicional em performance sonora remisturados.


Referências e influências estéticas

A arte desempenha um papel fundamental na expressão e reflexão da identidade e dos papéis sociais na história. No entanto, é essencial reconhecer que o cânone artístico foi predominantemente influenciado por uma perspetiva masculina, resultando na perpetuação de estereótipos de género e na limitação da representação e do reconhecimento das mulheres.

Influenciada na década de 70, onde as mulheres artistas usaram a fotografia como uma ferramenta polémica de expressão para desafiar o patriarcado e o sexismo, ao mostrar como o papel da mulher foi construído numa sociedade dominada por homens.

E na relação da narrativa construída pela mulher, personificada e expressa por meio de cânticos, músicas e poéticas, significados e revelações, expressões praticadas na militância para a narração das suas histórias.

A investigação explora a influência da ação ‘artivista’ e da etnografia em mediação sociocultural na media-arte digital, como significado e reconfiguração do papel da mulher na perceção de novas narrativas.


Célia Palma é doutoranda em Média-Arte Digital (UAlg/UA) – licenciada em Design de Comunicação, mestre em Comunicação, Cultura e Artes, pós-graduada em Design & Prototipagem Rápida e Marketing & Comunicação Comercial. Designer colaborativo em projetos e estratégias de comunicação na área cultural. Em 2001, iniciou a sua atividade no Algarve de onde é natural. Impulsionada pela paixão das tradições, trabalha na promoção da cultura local como designer de comunicação, tem o privilégio de trabalhar em vários projetos que lhe permitem explorar diferentes formas de expressão, como a fotografia, as viagens e outras artes.